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2011 - Wuy Jugu

by Corubo

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1.
Bravo! Selvagem! Eu Vim da relva! Busquei Inimigos, e com força, armas e sorte venci o que se há de vencer. Joguei na morte e alcancei a vitória. Conquistei Forças, tesouros, chefias e paixões ardentes para depois seguir. Fui para cidades que iam me perder... e novamente joguei para Morte e sorri! Se canções cantei, com toda alegria e Aluá, sorvi até a noite ser derrotada pelo ousado raiar da manhã, é porque Brava e selvagem é minha Gente! Caras-pretas! Corta-Cabeças! Cantando e sorrindo à morte. Lutando e matando, sem cristo e sem prece. Paiquize,Pari, Mundurucus! Sacerdotizados espertos que contavam o tesouro com que seu paraíso podia ser comprado! Pro inferno! Desci a garganta da vida e destronei sua paz! (2X) E das almas malditas que matei, zombei em noites de vadiagem e bebedeiras ao som selvagem e grotesco das Buzinas. Então se da vida saqueei tudo o que pude que me importa se morrerei? Assim deixo o mundo, um crânio mofado e asfixiado e me rio de seus deuses desgraçados! Pariuá-á! Wuy jugu! Bravo! Selvagem! Eu Vim da relva! Pariuá-á! Wuy jugu!
2.
Na última noite de Kachi-Kité. no Centro da maloca, no terreiro, selvagens se reúnem com chamas resinosas, trazendo suas armas e ornatos, as tochas vão ardendo num poracê serpenteado, macabro e frenético. Os borés alucinam as mentes que se preparam no Eksá aguardando Kabiará. Então Kachí invade com sua claridade ousada e violenta a terra de Pindorama. Sol, sol, fustigante sol como só pode haver neste lugar! Assim Wuy jugus saem para emboscada de contragolpe, pois seu olheiro lhes avisou de uma marcha de guerreiros a caminho. Os Paritintins chegam e como cães raivosos e ainda sedentos de carne quente tentam preparar suas flechas, porém os Mundurucus lançam-se como víboras do pântano já estando sufocantemente perto e seus takapês respondem por si. Porém o sol paira sobre as sapucaias, deixando suas vítimas num estado mental funesto que nem o mais forte dos jaguares pode ficar imune ao massacrante arahkú úmido que só neste canto se faz presente. Estes Kuimba´é de suas existências selvagens sentem apenas chalaça. Durante duros estrondos pode-se observar mais de 4 dezenas de bestas vermelhas espalhadas ao chão que há de comê-los entre os ventos quentes da relva e a caça as formigas vermelhas (Mundurucus) vai se tornando uma marcha para a, haha!, sorridente morte... Ohhh! Que retribui a coragem e loucura não sendo esta uma ignorância irracional que domina estes primitivos! Assim alguns biumbês partem gloriosos ao kabí, enquanto prontamente um guerreiro vendo seu irmão morto, o deixaria se não fosse a estigma de suas carreiras, decepa sua cabeça que é trazida como objeto de veneração e entregue a mãe do bravo bárbaro!
3.
Numa terra onde, para todos os bravos, instintivamente, há sempre um lugar ao sol... Porém, certo dia acaba... e a noite toma sua inquestionável parte, trazendo consigo algo que só os Wuy Jugus poderiam esperar. É a festa de quarto ano em honra do guerreiro morto. Sua cabeça, mumificada, em um dólmen na oca, juntamente com sua buzina, arco, flechas, faca de taquara, seu colar de penas de arara, o machado e outros pertencidos ao dono da cabeça. E à noite, guerreiros iam dançando e cantando funebremente em volta da oca, selvagens, e não há desespero, o que deveras torna o ato um impressionante espetáculo. Aos sons ininterruptos das buzinas e o cantar estridente das Kuñas, de permeio com bravos em timbres tenores e baixos, o que para um homem mais civilizado certamente traria sentimentos de obscura e temida realidade, assim demonstrando seus sentimentos em ritmos e tochas que parecem desenhar na escuridão, enquanto os familiares cavam uma sepultura vertical sob a rede que pertenceu ao índio. Mas a noite não é eterna, e, o raiar de Kachí se funde a fogueira que obsediou à brava escuridão denunciada no terreiro revolvido, enquanto cães latem e papagaios chamam. Principia a azáfama...
4.
5.
Reunidos no terreiro, estão os caciques de aldeias vizinhas. Refiro-me a nação composta por 20.000 almas Mundurucus nos anos de 1800 e tantos. Fica assentada a próxima investida... Todos os Caciques garantiram que não faltariam armas nem comida. Homens e mulheres trabalham fervorosamente, esperando o soar da buzina do grande Tuichaua. Então o velho Tuichaua com olhar de águia e seu filho, reúne os bravos, e, indaga se estão preparados, se há dahú e caça moqueada. Em seu pescoço um grande colar de dentes humanos dá voltas e voltas. Cada par representa um inimigo que morreu em suas mãos. Enquanto as estrelas anunciam o momento lembrado pelos gritos lúgubres e monótonos dos Cauãns que ecoam atormentantemente. Depois de ouvir a todos com uma paciência única indígena, o Tuichaua recomenda muita atenção durante o assalto à maloca Inimiga, e finda sua arenga indiferente a sorte que lhes aguarda, derramando a vista sobre a massa bronzeada e saudando ”cuia dhê”.
6.
Jucá hetá 07:46
Naquela noite as buzinas Mundurucus não tiveram tréguas. Eles têm o gosto de toca-las durante a noite. Acordar a qualquer hora, estender o braço e soprar. Tocam, tocam por gosto, à toa, é como dizemos. É puramente Selvagem! Amanheceu o dia, e, todos ornados com losangos nas faces e riscos verticais nas costas, partem à marcha distante de algumas semanas. As mulheres acompanham seus maridos e irmãos, preocupando-se em aconchegá-los e supri-los. Pelo caminho vão rastreando e caçando com tal silêncio e destreza que não se ouve o ruído de folhas ao chão. Eles caminham muito... Pois ninguém se atreveria a morar perto dos pa´í Kysé. Ao anoitecer não veem Kachi-tupã-bompimáu e kachi-hiã impera à escuridão. Com vinte dias seguindo pelas Cacutás silenciosos como felinos avistam a grande maloca, com certeza a inimiga e com muitos guerreiros para defendê-la. Finalmente recebem a chance. As “formigas” apertam o cerco e aguardam o sono dos justos... E é Guerra! Tochas de ouichiquitaque são arremessadas aos gritos, de forma quase tão inumana quanto às feras bestiais da floresta. Aziago. E ao sinal de olhos selvagens e flamejantes se desferem furiosas setas lumes erguendo trevas ao campo de batalha. Parintintins despertam aos saltos, gritando em pavor: "Mundurucus!". Ouve-se então um turbilhão de choque entre paus, pedras, metais, corpos, fogo e gritos... Muitos gritos!. Alguns mal despertos correm e trespassam-se em flechas e chuços, alucinados, os evocados, avançam como cães da mata espumando enfurecidos na ânsia de dilacerar seus inimigos membro a membro. Dentes e ossos são quebrados ante violentos golpes, obrigando os ensandecidos despertos a se dispersarem em outras direções, contudo, apenas, um ou dois, conseguem aumentar seu tempo em meio à arapuca. Embuste que agora se banha em sangue. Outros tentam recuar em desespero enquanto uma voz aterrorizante grita: "eles são demônios, irmãos... Demônios!". Uma voz, que não mais se ouve, já é tarde, e a morte levou mais do que sentiria necessário para se deleitar...
7.
Súbito os gritos são substituídos por uma queda sonora que dá lugar a gemidos, lágrimas... e chalaça dos desgraçantes e animalescos Wuy Jugus. Wuy Jugus fazem-se grandes mais uma vez! Neste momento reina um ódio mortal emanado dos nervos rochosos dos guerreiros, que queima, como nos olhos de um Jaguar. Wuy Jugus fazem-se grandes mais uma vez! Um brilho do assovio serpentino é exalado pela tão e forte melodiosa morte. Wuy Jugus fazem-se grandes, Erguem cabeças! Porém, durante o retorno eles sabem que podem haver inimigos remanescentes em seus encalços como urubus farejando suas chagas. Mas, afinal, o que sempre esperaram do destino senão uma chance para lutar? E lutar é só o que lhes da vida até hoje! E o luar selvagem destas matas já tocou seus raios em milhares de gerações de grandes Kuimba´é, mas jamais brilhou sobre combatentes tão habilidosos. Mundurucus não reclamam, seguem despistando urubus e mantendo-se senhores de si próprios a quaisquer custos. Viva Pa´í-Kisé! Não se entregam e lutam! Viva Wuy jugus!
8.
9.
Revolution in their minds The children start to fight Against the world they have to live in and let shed the hate that's in their hearts They're tired of being condemned, suffer and obey Children of tomorrow live in the tears that fall today. The sun doesn't rise up tomorrow bringing peace. The world lives in shadow of Nano-Atomic fear. Can they win the battle for freedom Or will they disappear? So you children of the world Listen to what I say If you want a better place to live free yourself of all territories types, slavery, alienation and all hypocrisy Or you children of today Are children of the grave
10.
11.

about

Corubo is Cauã and Tesa’ãme.
Wuy Jugu: all songs created, recorded and mixed in the years 2009 and 2010.
The Wuy Jugu album lyrics were written using reports from people who lived with Wuy Jugu people.

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Corubo Minas De Corrales, Uruguay

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