1. |
25.09.2007. Meu Irmão
04:42
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Ahh! Meu irmão
você morreu; por isso nasceu
tombou em guerra por ser valente, ahh!
Para isso nos criamos
para lutar sem temer a vida
sem se acomodar, sem dar submissão.
Meu estimado
o kabi é um lugar imenso
sem limites de espécie alguma
onde o sol não queima
e as noites são agradáveis.
Meu irmão aqui estou para fazer o seu enterro
você me deixou muitas vitórias
receberás a minha alma como certeza de tua vingança
pois só assim eu morrerei.
Muitas vezes quando a ganância toma conta de um povo
seu melhor amigo pode estar longe da humanidade.
Provou a mim o seu valor
assim como a Mundurucus
e todos outros que passaram em sua vida.
Me deixou muitas vitórias e um único dever
me espere no kabi, e recebas minha alma como a certeza de tua vingança!
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2. |
Goitacás
05:50
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Em minha guarda
busco o sangue
de qualquer raça
de qualquer crença
pois tudo que amei
morreu e apodreceu.
Assim procuro a morte do que me matou.
Ouço no silêncio
gritos de sofrimento
que queimaram toda a esperança
e ascenderam em meu peito
o ódio de meu coração
vivendo guerras
de todas as raças
desejando trevas
para todas as raças.
Lutando contra o domínio
dessa terra já morta
pois não sofro
tornei-me o próprio ódio
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3. |
Árvores Mortas
07:21
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As folhas caem das árvores que parecem chorar,
assim como muitos parecem também terem perdido algo,
de insubstituível em suas existências.
A lua toca as árvores mais jamais consegue iluminar
o que há por trás de suas folhas;
Pessoas nunca conseguem ver em profundidade
o que há em suas sombras.
O gelo e o frio sugam a energia vital das árvores, de suas folhas,
como o vulgar, o falso e o incompleto afogam meu coração;
que um dia sorriu com toda a inocência, da pureza e, que, agora
só pode florescer em estações de ódio e tristeza.
Muitas árvores continuam em pé, mesmo secas;
sem energia, sem folhas, sem luz e sem sombra;
mortas, existindo assim como muitas pessoas que ainda vagam,
sem ter motivos para viver e sem forças para cair.
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4. |
Jucá hetá
07:41
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Naquela noite as buzinas Mundurucus não tiveram tréguas. Eles têm o gosto de toca-las durante a noite. Acordar a qualquer hora, estender o braço e soprar. Tocam, tocam por gosto, à toa, é como dizemos. É puramente Selvagem!
Amanheceu o dia, e, todos ornados com losangos nas faces e riscos verticais nas costas, partem à marcha distante de algumas semanas. As mulheres acompanham seus maridos e irmãos, preocupando-se em aconchegá-los e supri-los. Pelo caminho vão rastreando e caçando com tal silêncio e destreza que não se ouve o ruído de folhas ao chão.
Eles caminham muito... Pois ninguém se atreveria a morar perto dos pa´í Kysé. Ao anoitecer não veem Kachi-tupã-bompimáu e kachi-hiã impera à escuridão. Com vinte dias seguindo pelas Cacutás silenciosos como felinos avistam a grande maloca, com certeza a inimiga e com muitos guerreiros para defendê-la. Finalmente recebem a chance. As “formigas” apertam o cerco e aguardam o sono dos justos...
E é Guerra! Tochas de ouichiquitaque são arremessadas aos gritos, de forma quase tão inumana quanto às feras bestiais da floresta. Aziago.
E ao sinal de olhos selvagens e flamejantes se desferem furiosas setas lumes erguendo trevas ao campo de batalha. Parintintins despertam aos saltos, gritando em pavor: "Mundurucus!". Ouve-se então um turbilhão de choque entre paus, pedras, metais, corpos, fogo e gritos... Muitos gritos!. Alguns mal despertos correm e trespassam-se em flechas e chuços, alucinados, os evocados, avançam como cães da mata espumando enfurecidos na ânsia de dilacerar seus inimigos membro a membro.
Dentes e ossos são quebrados ante violentos golpes, obrigando os ensandecidos despertos a se dispersarem em outras direções, contudo, apenas, um ou dois, conseguem aumentar seu tempo em meio à arapuca. Embuste que agora se banha em sangue.
Outros tentam recuar em desespero enquanto uma voz aterrorizante grita: "eles são demônios, irmãos... Demônios!". Uma voz, que não mais se ouve, já é tarde, e a morte levou mais do que sentiria necessário para se deleitar...
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5. |
Me'ieiye nã
05:17
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Me'eÑã
espírito terrestre, canto e te evoco através dessa canção
dai-me forças, dai-me suas garras,
"coisa-jaguar"
estimador dos jaguares
você não é celeste
não é subterreneo
intimidador do inimigo
com vossos animais
terreno como eu
tornai-me seu estimado
para que eu possa defender vossa existência
lembro-me do tempo
em que meu pai ensinou-me
respeito a ti
gratidão a ti
hoje volto a ti
com esse sentimento em meu coração
quero alimentar os deuses
canibais do céu-vermelho
tornando-me uma fera e
libertando a fúria de teus, animais
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6. |
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7. |
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Che rekovepytúpe
aheka apytahaguã
che rendarã
ndatopái mba'eve
mba'eve, pytûmbánte
nandi naiañetetéiva
añetetéva , ñeporandúicha
vy'aÿ, año
"pochyreheve"
ndaguerekói chemba'eteéva
Ndacherógai
ndacherekorãi
añandúnte ipohýiva chéve
Karaikuera ombotavýa
kuñakuéra avei
ha opáichagua okañy
"messia" kupépe
éicha aiko
Karai ha Kuña, contrapé
tendotakuéra japu''yreheve
ñemanojepeve
ñemanóme
rojujey ko'ápe
ha'etehápe
oiporãmbáva jey.
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8. |
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Reunidos no terreiro, estão os caciques de aldeias vizinhas. Refiro-me a nação composta por 20.000 almas Mundurucus nos anos de 1800 e tantos.
Fica assentada a próxima investida... Todos os Caciques garantiram que não faltariam armas nem comida. Homens e mulheres trabalham fervorosamente, esperando o soar da buzina do grande Tuichaua.
Então o velho Tuichaua com olhar de águia e seu filho, reúne os bravos, e, indaga se estão preparados, se há dahú e caça moqueada. Em seu pescoço um grande colar de dentes humanos dá voltas e voltas. Cada par representa um inimigo que morreu em suas mãos.
Enquanto as estrelas anunciam o momento lembrado pelos gritos lúgubres e monótonos dos Cauãns que ecoam atormentantemente. Depois de ouvir a todos com uma paciência única indígena, o Tuichaua recomenda muita atenção durante o assalto à maloca Inimiga, e finda sua arenga indiferente a sorte que lhes aguarda, derramando a vista sobre a massa bronzeada e saudando ”cuia dhê”.
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9. |
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Algum dia tudo voltará para seu lugar de estar? Será? Algum dia tudo vai estar igual como podia ter sido? As coisas recomeçam por seu fim.
A incógnita da mudança... salve a não-glória do futuro que avança.
Pois da agonia que vivo nesse momento só espero o fim, desse tormento que na voz da Morte me acalma, me descansa.
Vão-se falsos sonhos nas asas da crença, hipocrisia ou descrença?
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10. |
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IHeyiyi!!! Tesa tesáre ha ko arapy opytáta ohechave’ýre (2x).
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11. |
Streaming and Download help
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